O presente trabalho estrutura-se num exercício de reconhecimento, de representação, de reinterpretação e de projeto num território específico através do ato de caminhar. Instigado por inúmeras referências de artistas que, em meados do século XX, abordaram uma nova forma de criar arte através do ato de caminhar e do caminho em si como objeto escultórico, experienciam- se as técnicas dos mesmos de maneira a serem adaptadas e otimizadas para criar novas formas de Representações e Reinterpretações do Caminhar. Este enunciado formaliza-se através do estudo da Rua das Dunas em Castelo do Neiva, Viana do Castelo. Num primeiro momento investigamos sobre a realidade da comunidade local e os processos evolutivos da vila de Castelo do Neiva. De seguida em consonância com as características do lugar definimos a direção do Urbano ao Miradouro como base para a construção de narrativas. Estas refletem sobre as diversas temáticas encontradas ao caminhar em dois posicionamentos em relação a esta rua: dentro (ao longo da rua) e fora (junto aos seus limites longitudinais), cada uma das temáticas deu origem à criação de uma nova cartografia do lugar. Com este trabalho de exploração da realidade do lugar propusemo-nos a voltar a olhar para o material produzido e a questionarmo-nos acerca das potencialidades e problemáticas encontradas. Esta fase de reinterpretação ocorre em três níveis distintos: primeiramente reinterpretam- se os temas lançados nas cartografias; de seguida, reinterpretam- se as formas de representação criadas na construção das cartografias; por último, reinterpretam-se obras de artistas conhecidos pela sua reflexão sobre a natureza, o sítio e o impacto das suas intervenções. São estabelecidas respectivamente as intenções gerais, os modos de atuação e a pormenorização. Desta forma, este trabalho conclui com um projeto de intervenção que assume o caráter instável e sazonal da Rua das Dunas. O caminhar surge neste trabalho como uma ferramenta que promove um novo entendimento da realidade de um território específico e uma maior relação de vínculo com as condicionantes do existente.