Partindo do olhar específico descoberto na amostra selecionada, a investigação ensaia a partir da temática o Projeto de representação da impermanência: entre a Nazaré e a Lagoa da Pederneira. Associa-se à descoberta do lugar o autor Orlando Ribeiro e a partir deste traduzem-se as três premissas de abordagem utilizadas: desmultiplica- se o conceito de rótula, usado pelo geógrafo, como descoberta do lugar, revelando as interligações de tempos e conceitos; aplica-se a análise in situ privilegiando a vivência e o registo no lugar; apreende-se a temática da impermanência no tempo da investigação, transformando e criando um novo registo e uma nova interpretação transdisciplinar e transescalar sobre o lugar. Com a temática da impermanência reformula-se o conceito da visão na abordagem estabelecida; a perceção e o território alteram-se, criando novas metodologias na sua apreensão: estes são dinâmicos e impermanentes, onde até o suporte aparentemente mais estático se modifica. O olhar específico da impermanência encontra na relação entre a terra-água o seu foco, relação fulcral na amostra selecionada na sua localização de devir entre terra e mar. Abordam-se os “líquidos”, que traduzem movimentos e fluxos experimentados na representação que capta estas dinâmicas no lugar. Atravessando o foco desta relação, a investigação transforma-se ao longo dos três capítulos que se desdobram em três tempos: linear, relacional e vivido na experiência da impermanência. Através deles descodifica-se o seu processo de transformação, na sua caracterização geomorfológica, intrinsecamente ligada à antiga Lagoa da Pederneira e aos limites administrativos dos Coutos de Alcobaça, fazendo a transição relacional e reformulando o conceito na regressão imanente ao lugar. Avançando até à impermanência vivida percebe-se como as dinâmicas da sua formação se relacionam com o entendimento das dinâmicas presentes no lugar agora, descobrindo as temáticas que dão forma à representação proposta. O projeto de investigação pretende traduzir-se num ensaio de representação encarado como uma construção impermanente, a qual flui através do seu processo de experimentação, ao longo do seu próprio desenvolvimento. A impermanência inerente à investigação é exposta através do Processo impermanente que acompanha o trabalho e o desdobra na sua complexidade relacional pelas quais passa a investigação, enfatizando os momentos que a transforma.